Foi durante um passeio no Museu Natural de Costa Rica que “deu o estalo”: cuidar de um viveiro de borboletas no Brasil. Assim surgiu a idéia do Borboletário Flores que Voam, projeto de criação e preservação de borboletas em Campos do Jordão, em São Paulo, como conta Sandra Gatta, uma das criadoras do local.
Ao lado do marido Flávio Fernandes, Sandra levou o “estalo” adiante para criar um borboletário aberto ao público, ou seja, que fosse turístico. O passo seguinte foi mergulhar nas pesquisas, já que nenhum dos dois tem formação relacionada ao conhecimento da fauna(ela é fonoaudióloga e ele trabalha com tecnologia), e se enquadrar nas leis do Ibama, entre elas a de criar apenas borboletas regionais.
Pouco mais de um ano após a inauguração, feita em julho do ano passado, o borboletário abriga cerca de 1.500 borboletas de 35 espécies da Serra da Mantiqueira, região a 1.700 metros de altitude, e é opção de passeio ecologicamente correto. A palavra passeio é, aliás, um dos principais objetivos do projeto, que segue a lógica de viveiros conservacionistas (voltados para as pesquisas e criação, mas geralmente fechadas ao público) e, ao mesmo tempo, a dos zoológicos (onde há observação de animais), para funcionar como um local turístico, com ingresso pago na entrada.
Embora ainda não seja auto-sustentável, Sandra diz que o borboletário tem se mantido de ingressos e vendas de camisetas do projeto do local “Conheço, Acredito e Apoio”, mas que espera um suporte financeiro para poder continuar o trabalho a longo prazo. “Procuramos empresas que queiram patrocinar e associar seu nome ao projeto”, diz, lembrando o caráter de educação ambiental, implícito na atração turística, como um dos possíveis atrativos para o patrocínio.
O passeio
O contato com as borboletas dentro do viveiro é uma das atrações, mas não é o única do borboletário. Hábitos e curiosidades sobre os insetos de asas coloridas fazem parte da programação, que inclui a observação das borboletas no laboratório. Embora só os os profissionais do local entrem na sala, os visitantes podem ver o desenvolvimento do ovo em borboleta através de um vidro. Os ovos, recolhidos no viveiro, são levados ao laboratório para que virem larvas que, por sua vez, se transformam em pupas, uma espécie de cápsula de onde sairá a borboleta alada, como a conhecemos. No laboratório são usados equipamentos específicos, entre eles “armários especiais” onde são “penduradas” as pupas.
No final do processo, quando saem da “cápsula” e têm suas asas prontas, as borboletas são levadas para os viveiros, para que voem sobre as flores e procurem suas vegetações. “Cada espécie de borboleta põe ovos em uma espécie específica da região”, diz Sandra ao explicar a adaptação dos viveiros às necessidades das espécies do borboletário. “Todas as plantas do jardim estão em função das espécies das borboletas, para elas comerem e colocarem os ovos”.
No viveiro, uma espécie de estufa agrícola, os visitantes circulam com os monitores entre as borboletas soltas e conhecem curiosidades, como identificar as borboletas mais jovens das mais velhas, por exemplo. Neste momento, fica mais óbvio identificar o caráter ambiental do projeto já que, segundo Sandra, as pessoas podem ver de perto que “a borboleta é responsável pela polinização e pela flora ao nosso redor”.
O local costuma receber visitas escolares, turistas e pesquisadores e, embora acompanhado por uma bióloga responsável, ainda tem se adaptado e feito correções com algumas críticas que recebe. “Os pesquisadores que visitam têm elogiado, mas também fazem críticas construtivas, como o do uso das palavras em latim ou instruções dentro da estufa”.
O borboletário fica aberto de quarta a domingo, das 10h às 15h, com agendamento de escolas e excursões às segundas e terças-feiras. A entrada é gratuita para menores de 7 anos e maiores de 60. Para o passeio, a dica é escolher dias ensolarados, já que as borboletas, por transformarem a energia solar em força motriz, voam mais.
BORBOLETÁRIO FLORES QUE VOAM
Onde: Av. Pedro Paulo, 7997 – Casa 01, km 10 do caminho do Horto Florestal
Quando: de quarta a domingo, das 10h às 15h; segundas e terças-feiras podem ser feitos os agendamentos para grupos, escolas ou excursões
Quanto: R$15 adultos; R$ 10 de 7 a 10 anos; menos de 7 anos e maiores de 60 têm entrada gratuita
Informações: Pelo site oficial