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Cassinos, picapes enormes, lojas de grife, fast foods e latinos misturados com pencas de americanos obesos de Estados sulistas. Lembra Miami, ou mesmo a Disney. Mas é Aruba, ilha caribenha holandesa que, estimulada pelo enorme fluxo de turistas norte-americanos, moldou-se tanto ao gosto estadunidense que mais parece uma ‘filial’ do balneário da Flórida. À primeira vista um tanto desanimador, o cenário muda sob um olhar mais atento. E o que se revela são belezas naturais de cartão-postal, além de uma rica cultura caribenha com tempero holandês, africano e latino –é bem verdade que parte dessa diversidade está encoberta pela gordura dos KFCs da vida, mas ela resiste. E vale a pena desbravá-la.

Se para o turista mais ‘rodado’ Aruba é um tanto limitada, a ilha é uma boa escolha para quem busca praias paradisíacas, serviço hoteleiro de primeira e um leque amplo de serviços e passeios turísticos convencionais.
Aruba tem uma estrutura gigante para o seu tamanho. Com 100 mil habitantes e 181 km2 (a cidade de São Paulo tem 1.509 km2), recebe 700 mil turistas por ano em seus mais de 7.000 leitos. Desse total, mais de 500 mil vêm dos EUA.

Os brasileiros, por sua vez, foram 6.000 em 2005. Atualmente há sete vôos semanais entre São Paulo e a capital Oranjestad (dois da Varig e cinco da Avianca). A partir de julho, a Avianca começa a operar vôos diários, sempre saindo do Rio de Janeiro, com escala em São Paulo e conexão em Bogotá. Com a fartura de vôos, a não-exigência de visto para brasileiros e o eficiente marketing turístico arubano no exterior, esse número pode crescer.

Baby Beach é a melhor praia fora do eixo dos grandes hotéis, concentrados em Palm Beach e Eagle Beach. Quase todo o litoral da ilha é de uma beleza incomum, emoldurado por aquele mar caribenho tão belo que parece cenário de propaganda de cartão de crédito. Mas Baby Beach é especial. Primeiro, porque é calma e extremamente bela, perfeita para famílias ou para quem quer ficar de papo para o ar um dia inteiro. Depois, porque fica em San Cristóbal, cidadezinha com atmosfera bem mais autêntica do que a da capital.

Paisagens submarinas

Passeio obrigatório em Aruba é o mergulho com snorkel. Oferecido por diversas operadoras (De Palm Tours, Red Sail, Jolly Pirates), custa cerca de US$ 50 para um roteiro de três ou quatro horas. Os serviços oferecidos são semelhantes (paradas para mergulho, ‘open bar’, lanche e equipamento). O Jolly Pirates tem como diferencial um veleiro ao estilo dos navios piratas. Outras operadoras utilizam catamarãs.

Certifique-se de que o passeio faz uma parada no naufrágio do Antilla, cargueiro alemão com 122 m de extensão afundado propositalmente por seu capitão em 1945, para evitar que a embarcação caísse em mãos holandesas. É uma atração impressionante. O navio, partido em dois, afundou pertinho da costa. Seu enorme corpo submerso virou habitat de dezenas de espécies de peixes, esponjas e moluscos. Bem próximo da superfície, pode ser explorado por qualquer turista fora de forma.

Para mergulhadores profissionais, Aruba é um destino top no Caribe. Em 2005, os leitores da revista ‘Scuba Diving’, publicação especializada mais vendida nos EUA, elegeram Aruba o segundo melhor destino do Caribe para observar naufrágios (além do Antilla, há vários outros). Mas se você não é um profissional do cilindro, não se preocupe. Da mesma forma que o Antilla é uma atração palatável para qualquer amador, há vários outros pontos da ilha com paisagens submarinas maravilhosas e de fácil acesso, até mesmo para americanos obesos.

No capítulo gastronomia, por favor evite as fast foods e busque a ótima culinária local. Aruba não produz quase nada do que come, já que o interior da ilha é quase tão árido quanto um deserto. À mesa, de produtos nativos você encontrará apenas peixe e alguns frutos do mar (até o excelente camarão é importado). Boas opções são os restaurantes Driftwood ou o Gasparito, ambos no centro de Oranjestad. Nesses locais, uma boa refeição sai por cerca de US$ 30 por pessoa. Enquanto espera a comida, tome uma Balashi, saborosa cerveja local produzida com água dessalinizada.

Para terminar, a noite arubana. Aqui, novamente quem dá o tom é a onipresente influência norte-americana. Musicais à la Broadway e cassinos estão sempre cheios e, nos clubes, os ianques são quase a totalidade do público. Nestes, a impressão é de estar no bizarro programa ‘Wild On’, do canal pago E! Channel. Em uma casa como a Carlos’n’Charles, a mais animada de Oranjestad, a ordem é encher a cara, dançar e participar de brincadeiras etílico-sexuais propostas pelos animadores do clube. Engraçado de se ver, bom para uma noite de distração. Mas não se engane, o quente de Aruba está mesmo no mar. Durma cedo e aproveite. De preferência, a dois.

“Bom bini”

Nas pré-escolas, os alunos aprendem os quatro idiomas oficiais da ilha: holandês, inglês, espanhol e papiamento. Se o inglês é a língua oficial do turismo e o dólar é mais bem aceito do que o florin arubano, a língua das ruas é o papiamento. Para os brasileiros, é um idioma especialmente interessante, já que cerca de 60% de suas palavras têm origem no português (herança dos mercadores de escravos que passaram pela ilha). O restante é uma mescla de influências do espanhol, holandês, inglês e línguas africanas.

Escrito, o papiamento é relativamente fácil de compreender. Placas de boas-vindas não são tão difíceis de decifrar: ‘bom bini na Aruba’ (bem-vindo a Aruba). No começo é estranho mas, em poucos dias, dá para arriscar ler um jornal –falar é outros quinhentos. Mesmo assim, os brasileiros que moram por lá dominam o papiamento em poucos meses.

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